O CEO da Disney anunciou em 8 de fevereiro de 2023 que planeja cortar 7.000 empregos, o que representa cerca de 3% de sua força de trabalho global. O que podemos refletir sobre essa ação?
Os anúncios de demissões em massa não param de aumentar. Seja no Brasil com casos famosos como o “O Me poupe!” e “Primo Rico”, ou de empresas internacionais como o Spotify, que anunciou demissões de 6% do quadro de funcionários, representando cerca de 400 funcionários.
Ocorrem especulações sobre qual é o motivo para que essas empresas façam a demissão de tantos colaboradores, que vão desde estratégia para valorizar a empresa a possíveis falências. Mas, o que será que está envolvido? Nossos especialistas separaram os principais motivos pelos quais as empresas demitem, quais empresas demitiram recentemente e como essas informações podem ajudar líderes e gestores. Confira!
O que é demissão em massa
A demissão em si é uma rescisão de contrato por motivos que excedem o colaborador. Por exemplo, profissionais podem ser demitidos por diversos motivos, como as empresas que pretendem cortar custos devido a uma queda na demanda por seus produtos ou serviços, questões sazonais ou durante uma recessão econômica.
A legislação que define a demissão em massa se altera conforme o local, nos Estados Unidos, por exemplo, demissão em massa é caracterizada quando, pelo menos, 50 funcionários são demitidos num espaço de tempo de 30 dias ou menos.
Já aqui no Brasil não há legislação específica sobre demissões em massa ou a quantidade de pessoas demitidas para que um desligamento possa ser considerado uma demissão em massa ou não, podendo ser qualificado em casos de demissões simultâneas dentro de uma empresa.
Quais empresas mais notáveis fizeram demissão em massa nos últimos tempos?
Empresas que fizeram demissão em massa recentemente
Um dia antes do CEO da Disney anunciar as demissões, a Zoom anunciou, via e-mail, a demissão de 1.300 funcionários (15% de sua força de trabalho). O CEO aceitou uma redução de salário de 98%, enquanto os outros executivos verão um corte de 20%. Segundo as notícias, essas demissões atingirão todos os departamentos da empresa e os funcionários demitidos receberão até 16 semanas de salário e cobertura de saúde como indenização.
A consolidada Dell também recorreu às demissões em massa. Grande parte devido à redução na demanda por PCs, conforme evidenciado por um declínio de 37% nas remessas de PCs no quarto trimestre de 2022, o fabricante de computadores Dell anunciou que demitirá 6.500 pessoas de sua força de trabalho. Já o PayPal encerrou o mês de janeiro de 2023 anunciando que demitirá 2.000 funcionários, representando cerca de 7% de sua força de trabalho.
Todos esses motivos nos levam a perguntar o motivo de empresas tão bem sucedidas recorrem às demissões em massa.
Motivos para as demissões em massa
Existem vários motivos que contribuem para as demissões em massa, principalmente na área da tecnologia. Esse setor teve um aumento de 649% em 2022, o maior das últimas décadas! Esses fatores incluem economia, inflação, taxas de juros mais altas, contratação excessiva e ajuste de vagas e salários devido à pandemia do COVID-19.
Desaceleração econômica
Alguns eventos mundiais atingiram o mercado de trabalho de maneira muito significativa, como a Guerra na Ucrânia, o andamento da pandemia, a alta dos juros e eventos políticos, especificamente, no Brasil. Muitas empresas recorrem às demissões como método de sobrevivência para cortar custos quando a receita e os lucros ficam desajustados.
Inflação
De acordo com o Bureau of Labor Statistics (BLS), o ano de 2022 registrou a maior taxa de inflação em 40 anos, nos Estados Unidos, o que contribui para um ajuste no custo de vida ocidental. Por isso, muitas empresas em todo o ocidente tiveram que cortar custos para cobrir as despesas aumentadas devido à inflação. Demitir funcionários é normalmente uma das primeiras medidas de corte de custos, já que estamos falando de uma das maiores despesas da empresa.
Taxas de juros mais altas
O caso das Lojas Americanas é um bom exemplo do que as taxas de juros podem fazer com um negócio. Taxas de juros mais altas afetam o quanto uma empresa pega emprestado devido a custos na hora de pagar, e essas taxas mais altas impactam diretamente os capitais de risco e outros financiamentos de startups.
Além disso, as empresas não querem investir em áreas de maior risco quando o futuro da economia é incerto. Essas incertezas econômicas levam as empresas a reavaliar suas estratégias de contratação e crescimento.
Pressão dos investidores
Os investidores precisam que as empresas reduzam as despesas à medida que as receitas diminuem. Por exemplo, a TCI Fund Management convocou uma empresa controladora do Google para reduzir o número de colaboradores e tomar medidas para melhorar o lucro.
Outras grandes empresas de tecnologia como Meta e Microsoft também enfrentaram a pressão dos investidores, que alegavam que seu número de funcionários era muito alto em comparação com outras empresas.
Despesas pós-pandemia
Muitas das empresas de tecnologia citadas acima precisaram reduzir colaboradores por esse motivo. Na pandemia, o aumento em alguns setores, como tecnologia, trouxe lucros recordes às empresas e deu início a um frenesi de contratações para atender a alta demanda. Por exemplo, a Meta quase dobrou o número de colaboradores, relatando 48.268 funcionários em 2020 e mais de 80.000 em setembro de 2022. Em novembro de 2022, a empresa anunciou que estava demitindo 11.000 funcionários.
Agora, parte do trabalho está voltando aos métodos anteriores à pandemia e essas empresas precisam reduzir, como por exemplo a contagem de assinantes da Netflix continua diminuindo e, como resultado, a gigante do streaming demitiu 150 funcionários, representando cerca de 2% de sua força de trabalho em junho de 2022.
O que isso ensina para líderes e colaboradores?
Ter uma visão geral do negócio a ponto de saber qual é o seu ponto forte e qual é o ponto fraco é fundamental para um crescimento saudável da empresa. Como vimos, empresas muito responsáveis e bem-sucedidas estão demitindo em massa, mostrando que em algumas situações é uma estratégia necessária ao negócio.
Para os profissionais, é importante frisar a necessidade de estar sempre preparado financeiramente para acontecimentos inesperados, como uma demissão.
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