É notável a crescente preocupação com a sustentabilidade no mundo todo, com as pautas do assunto cada vez mais evidentes. Essa tendência é ainda mais forte entre o público jovem, considerado mais engajado com questões ambientais e de consumo sustentável.
Essa mudança na percepção do público consumidor chama atenção também dos investidores que, visando o potencial retorno financeiro, buscam empresas engajadas nos movimentos, refletindo diretamente no setor empresarial.
Então, para não ficarem para trás, as empresas têm procurado entender mais a respeito e também a se envolverem no assunto. Nesse contexto, um termo em específico se torna cada vez mais comum: o ESG. Mas e você, sabe o que é isso?
Neste artigo vamos explicar um pouco mais sobre o que é esse conceito e como sua empresa pode se beneficiar ao colocá-lo em prática.
A origem do ESG
O termo vem do inglês, sendo a sigla para Environmental, Social and Governance que, numa tradução literal, significa “Ambiental, Social e Governança”. No Brasil, é comum vermos o termo “ambiental” substituído por “ecológico”.
Assim, essa expressão foi mencionada formalmente pela primeira vez em 2004, no relatório “Who Cares Wins”, publicado pelo Pacto Global em parceria com o Banco Mundial, em iniciativa proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Porém, sua origem pode ser traçada ainda antes, lá pela década de 70, começando com o investimento socialmente responsável. O conceito foi evoluindo e englobando outras categorias, sendo na década de 90 quando a parte ambiental começa a ganhar força no meio empresarial.
Então, nos anos 2000, na Cúpula do Milênio, foram discutidos princípios em torno de temas como condições de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção. Por fim, em 2004 o “Who Cares Wins” é publicado, o relatório que explica como incorporar o ESG nas operações das companhias.
Além disso, apesar dos três pilares que dão nome a sigla permanecerem, com o passar dos anos novos princípios foram discutidos e criados, buscando manter a pauta atualizada com os acontecimentos mundiais.
Os 3 pilares e como funcionam
A agenda ESG se baseia em três pilares, representados pelas letras de sua sigla, e cada uma retrata um dos critérios de avaliação de impactos propostos pelo conceito. Abaixo veremos o que é considerado em cada um deles.
Ambiental
No primeiro pilar se avalia qual é o impacto da empresa em relação ao meio ambiente. Ou seja, qual a relação da empresa com os recursos ambientais e seu impacto no meio ambiente. Como alguns exemplos de ações analisadas, podemos citar:
- Taxa de emissão de carbono;
- Práticas relacionadas à sustentabilidade (como reciclagem e descarte de resíduos);
- Eficiência energética;
- Certificações ambientais;
- Impacto na biodiversidade.
Social
O pilar representado pela segunda letra da sigla diz respeito à responsabilidade social. Este critério avalia tanto a forma como a empresa trata seus colaboradores e parceiros comerciais, bem como a comunidade social na qual está inserida. Inclui temas como:
- Direitos humanos;
- Trabalho infantil;
- Diversidade e inclusão;
- Bem estar da equipe;
- Ações beneficentes para a comunidade.
Governança
O último pilar é referente à governança corporativa. Ou seja, avalia se as boas práticas estão sendo aplicadas, por exemplo prestação de contas, se a empresa segue em conformidade com as leis, se há políticas que garantem a equidade dentro da organização, entre outras:
- Relatórios financeiros completos;
- Relatórios de transparência salarial;
- Diversidade na composição do quadro de colaboradores, principalmente em posições de liderança;
- Medidas que promovem a transparência de dados.
Mas afinal, para que serve o ESG e por que ele é importante para as empresas?
O ESG serve como um guia para as empresas em relação aos três pilares, a fim de medir seus impactos na preservação do meio ambiente, na sociedade e em seus processos administrativos.
Com a crescente preocupação, principalmente com o meio ambiente e ações sustentáveis, a sociedade e muitos investidores procuram empresas que já tenham essa preocupação em sua agenda, como pode ser visto no relatório de 2023 da PwC.
Organizações com uma governança corporativa eficaz chamam mais atenção de investidores, que procuram por empresas com menos riscos.
Além de atrair possíveis investidores, outro ponto é a percepção dos clientes com a marca. Com o público consumidor cada vez mais engajado em causas sociais e ambientais, empresas que demonstram preocupação e que propõem ações voltadas a elas se tornam mais atrativas.
Como aplicar o ESG nas empresas
Conforme vimos acima, uma empresa ESG se preocupa com os três pilares: Ambiental, Social e Governança. Um ponto de partida é conhecer os objetivos da ONU de desenvolvimento sustentável e, a partir deles, verificar como a empresa pode contribuir de forma social e ambiental.
No mais, para as empresas que estão começando agora no assunto, alguns passos podem ajudar na definição de estratégias voltadas a se tornar uma empresa ESG:
Diagnóstico
Primeiro, é necessário entender a situação atual da empresa. Por exemplo, já há programas relacionados a algum dos três pilares em andamento? Quais são? Quais processos e atividades deverão ser adaptados?
Esse levantamento de dados ajudará a entender o cenário, possibilitando avançar para a próxima etapa. O SEBRAE também disponibiliza uma ferramenta de diagnóstico ESG para empresas.
Plano de ação
Agora, com as informações do cenário atual, é possível traçar um plano que incluirá aonde se quer chegar e quais as primeiras ações ligadas aos três pilares que serão implementadas. Portanto, é preciso criar objetivos e metas claras. Se necessário, incluir ou reestruturar processos e cultura da empresa para que fiquem alinhados ao novo objetivo.
Comunicação
Todos os colaboradores, parceiros comerciais, clientes e investidores devem ser informados sobre a mudança de estratégia proposta. Assim, todos estarão cientes e engajados com o novo propósito.
Mensuração
Como qualquer projeto, é necessário recolher dados e avaliar métricas e indicadores para verificar se o plano está correndo conforme o esperado. Principalmente, se as metas e objetivos estão sendo alcançados. Dessa forma, é possível ajustar conforme for necessário.
Ainda, caso a empresa queira, é possível buscar certificações ESG. Nesse caso, as companhias devem seguir normas específicas, de acordo com a certificação desejada.
Para isso, a ABNT 2030:2022 estabelece os requisitos necessários para se tornar uma empresa ESG. Para aquelas listadas na bolsa de valores, alguns índices de avaliação são: Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3), Índice de Governança Corporativa (IGCT) e Índice S&P/B3 Brasil ESG.
Governança e Propósito alinhados ao ESG
É necessário lembrar que, embora uma empresa que esteja em conformidade com o ESG seja mais atrativa tanto para investidores quanto para os consumidores, o objetivo das companhias não deve ser unicamente o financeiro.
A ideia da agenda ESG é justamente criar empresas com governanças mais justas, mais comprometidas com a sustentabilidade e com maior responsabilidade social, a fim de transformarmos o mundo em um espaço melhor.
Realizar o chamado “greenwashing”, ou seja, fingir-se estar preocupado com o meio ambiente ou até mesmo realizar ações falsas somente com fins de marketing para a empresa pode causar o efeito contrário, tendo um impacto negativo em sua imagem.
Companhias que mostram seu real compromisso com questões ambientais, sociais e de governança conseguem se destacar no mercado e se tornar mais competitivas.
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