Um profissional que trabalha horas extras sem reclamar, que está sempre disponível para atender a empresa, não se importa em trabalhar nas folgas ou feriados e até mesmo deixa de realizar suas pausas para refeição para se dedicar a sua função pode, num primeiro momento, parecer o sonho de qualquer empregador.
Porém, por trás dessa devoção pode estar um problema grave: ser viciado no trabalho pode gerar problemas tanto para o colaborador quanto para as empresas.
Neste artigo você saberá mais sobre os chamados workaholics e saiba quando a dedicação excessiva ao emprego passa a ser nociva.
O que significa ser uma pessoa workaholic?
O termo que vem do inglês e comumente é traduzido como “viciado em trabalho”, é usado para descrever pessoas que apresentam uma necessidade incontrolável de trabalhar.
Essa compulsão, embora não conste listada na Classificação Internacional de Doenças (CID), preocupa cada vez mais à medida que o número de profissionais afetados aumenta.
Os profissionais workaholics enxergam o trabalho como a tarefa mais importante de suas vidas, e deixam de lado qualquer assunto que não seja relacionado a isto — amigos e familiares ficam em segundo plano, e com o tempo a saúde, tanto física quanto mental, também passa a ser afetada.
Esse “vício” faz com que o indivíduo fique extremamente envolvido com seu trabalho e enfrente dificuldades para deixá-lo de lado, mesmo quando não sente mais prazer em realizar a função.
Apesar de a noção de workaholic não ser recente, em tempos onde a tecnologia permite o trabalho remoto de praticamente qualquer lugar e com a expectativa de algumas empresas de que seus colaboradores estejam disponíveis a qualquer momento, fica cada vez mais comum encontrar algum colega ou conhecido que possa estar enfrentando o problema.
Quais são as causas?
A compulsão pelo trabalho pode ser oriunda de diversos fatores, geralmente resultante da junção de mais de um deles. Os motivos podem ser sociais, pessoais e ambientais.
A criação de expectativas muito altas em relação a si e a pressão cultural da valorização do sucesso profissional podem desencadear o vício no trabalho.
Outras possíveis causas para a dedicação excessiva são: a busca por validação e reconhecimento no meio e uma cultura organizacional tóxica que incentiva um ambiente de trabalho muito competitivo.
Além disso, falta de contato social ou hobbies fora do emprego podem fazer com que o indivíduo dedique todo seu tempo livre ao trabalho, eventualmente evoluindo para o vício.
Sinais de um workaholic
Nem sempre trabalhar mais horas que o normal ou realizar horas extras frequentemente significa ser um workaholic. Um colaborador pode ficar mais horas após o expediente, porém, ao bater o ponto de saída, “desliga” sua mente de assuntos ligados ao seu emprego e aproveita seu tempo livre para se dedicar a amigos ou projetos pessoais.
Já entre os profissionais que sofrem com o vício, é como se não conseguissem desligar a mente de assuntos relacionados ao trabalho, mesmo em seus momentos de descanso.
Abaixo estão alguns dos sinais mais comumente notados em pessoas workaholics:
- Geralmente são os primeiros a chegar à empresa e os últimos a sair
- É comum levarem trabalho para casa
- Dificuldade de se concentrar em outros assuntos que não sejam relacionados a trabalho
- Aparentam fadiga e cansaço contínuos
- Apresentam estresse constante e maior irritabilidade
- Necessidade de realizar todas as tarefas com perfeccionismo exagerado
- Mesmo em momentos de folga estão constantemente checando celular e e-mail de trabalho
- A vida particular e social é deixada de lado, negam convites de amigos e familiares, pois preferem dedicar tempo ao trabalho
Os perigos de ser um profissional workaholic
A incapacidade de separar o trabalho do restante da vida do profissional pode, em um primeiro momento, resultar no aumento da produtividade. Contudo, com o passar do tempo, essa condição passa a afetar a saúde, tanto física quanto mental, trazendo consequências graves para a qualidade de vida em geral.
O corpo começa a sentir os efeitos de longas horas dedicadas somente ao trabalho, e é comum o surgimento de problemas como dores frequentes no corpo e pressão alta. Indivíduos workaholics também tendem a negligenciar exercícios físicos e a alimentação, o que pode trazer outros problemas de saúde.
O estresse constante relacionado à carga de trabalho e a pressão que a própria pessoa sente para trabalhar cada vez mais, além de afetar o humor, pode evoluir para problemas mais graves como depressão, ansiedade, absenteísmo, exaustão mental e burnout.
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Os impactos para quem sofre com o vício no trabalho podem se espalhar para as pessoas próximas, muitas vezes colocando o relacionamento com amigos, parceiros e familiares em risco.
Já no ambiente de trabalho, os colegas são afetados com a irritabilidade constante e a dificuldade em trabalhar em equipe. O desempenho profissional acaba sendo prejudicado com o tempo, pois os danos à saúde resultam também em menor produtividade, criatividade e perda de foco, que afetam diretamente a qualidade do trabalho entregue.
Como evitar?
Sabe-se da importância e da necessidade do trabalho na vida do ser humano, porém, é fundamental manter o equilíbrio com as demais atividades do cotidiano. Respeitar os horários de trabalho, evitar levar tarefas para casa e se possível não atender ligações ou responder e-mails fora do expediente são maneiras simples de colocar limites na relação emprego e vida pessoal.
Para as empresas, também é importante incentivar tais atitudes a seus colaboradores. É comum dentro das organizações períodos mais tumultuados e com maior fluxo de trabalho, que exigem mais dos profissionais, mas estes devem ser exceção.
Ao identificar perfis que podem se encaixar na descrição de workaholic, é preciso analisar a situação e se necessário interferir, evitando a piora do quadro.
Como tratar?
Caso se identifique com o exposto neste artigo ou conheça algum colega que se encaixe na descrição, é importante não ignorar os sinais.
Nos casos iniciais, impor limites ao tempo dedicado ao emprego e a criação de uma rotina mais saudável para lutar contra hábitos nocivos relacionados à compulsão ao trabalho podem ser suficientes para dar a volta e encontrar novamente o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.
Conversar com colegas ou superiores sobre a situação também é de grande valia, pois alivia a carga emocional e a opinião de terceiros pode trazer percepções valiosas para combater o vício.
Porém, em casos mais críticos, onde já existem impactos mais sérios na vida do indivíduo, somente o esforço individual pode não ser o bastante. Torna-se essencial procurar auxílio profissional, como de um psicólogo, para combater o problema e ajudar na criação de uma vida mais balanceada.