NR-1 SST Riscos Psicossociais Saúde mental

Employer Live de Fevereiro | NR-1, riscos psicossociais e o que muda no cuidado com saúde mental

Índice

No mês de fevereiro a Employer Live trouxe um assunto que está cada vez mais relevante no ambiente profissional. No encontro que aconteceu dia 20/02 no Palco Virtual da Employer, falamos sobre as mudanças na NR-1 e como isso influenciará a forma com que as empresas cuidam dos riscos psicossociais.

Então, para falar sobre o assunto chamamos Francielli Vitali, enfermeira que hoje é especialista em saúde corporativa, e Deiviti Caetano, Engenheiro de Segurança do Trabalho.

Confira a seguir mais informações sobre as mudanças, o impacto nas empresas e mais informações sobre o assunto.

Mudanças na NR-1

Para começar, Deiviti explica que a Norma Regulamentadora No. 1 (NR-1) cuida do programa de gerenciamento de risco operacional. Até o momento, o foco dela era em riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes, sem esclarecer a questão dos riscos psicossociais. 

Com a atualização do documento, a partir de 26 de maio de 2025 as empresas obrigatoriamente deverão inventariar o risco psicossocial. De acordo com Deiviti, essa necessidade surgiu com o aumento crescente dos transtornos mentais, sendo a depressão e o burnout os mais expressivos. Inclusive, algumas dessas síndromes são até mesmo consideradas acidentes de trabalho.

Riscos psicossociais

Conforme explicam os especialistas, os riscos psicossociais são todos os aspectos de um ambiente de trabalho que influenciam o bem estar psicológico, emocional e social. Por exemplo, excesso de jornada, repetitividade, cultura organizacional, segurança psicológica.

Francielli ressalta que apesar de ser uma pauta em destaque atualmente, o ambiente de trabalho sempre sofreu com esses riscos.

Desafios

Os especialistas reforçam que, diferente dos demais, o risco psicossocial não é observável e a mensuração dele é muito diferente. Por isso, este é um momento de muita atenção, pois um mapeamento incorreto pode gerar problemas financeiros, de gestão e de operação no RH.

Afinal, de acordo com Francielli, todos os fatores humanos estão envolvidos, inclusive os da vida pessoal. Por exemplo, se alguém da família está doente, dificilmente o profissional irá suprimir essa preocupação durante o período de trabalho. Mesmo com isso, ele precisa continuar trabalhando e muitas vezes não entregará seu melhor desempenho.

Isso impacta financeiramente na empresa, conforme explica Deiviti. O número de afastamento só aumenta e a OMS fala sobre gastar trilhões com problemas de saúde mental.

Impacto do trabalho

Francielli ainda comenta a importância que o trabalho tem na vida das pessoas:

O trabalho sempre foi visto pela humanidade como algo que honra. Então, a gente acaba colocando o trabalho entre as prioridades, isso quando não é a nossa máxima prioridade. […] Ter sucesso no trabalho é ter sucesso na vida.

Por isso, conforme complementa Deiviti, tanto com esse peso que damos ao trabalho, quanto pela “ditadura do sucesso”, é comum as pessoas pensarem que serão reprimidas, vistas como preguiçosas, ou até mesmo demitidas se demonstrarem cansaço, ansiedade ou que não estão dando conta das atividades que lhe foram atribuídas.

Então, buscando sempre manter a produtividade e entregar resultados, muitas pessoas se forçam até o limite. Francielli alerta, afirmando que ir além da nossa capacidade é justamente o que pode nos fazer adoecer.

Ainda sobre as dificuldades de mensurar e avaliar os riscos psicossociais, Deiviti destaca como esse é um problema evidente no Brasil:

Quando a gente fala em saúde mental, existe um tabu muito grande do brasileiro de forma geral. Há pouco existia uma resistência de falar em saúde mental, em algum problema mental, falar em depressão, em síndrome do pânico. Muita gente tinha preconceito de ir ao psicólogo, quando se fala em fazer análise. Ou seja, nós temos um problema da sociedade brasileira.

Com isso, fica evidente a necessidade de falar sobre isso no ambiente de trabalho.

Como mensurá-los

Primeiro, os especialistas enfatizam que as consultorias e os profissionais que farão essa avaliação não estão lá para defender nem a empresa nem os colaboradores. A função delas é identificar os pontos de atenção e traçar planos para melhorá-los.

Além disso, Deiviti lembra que alguns riscos psicossociais já são observados há algum tempo. Ele traz como exemplo a NR-33, a NR-35 e a NR-20, que tratam de espaços confinados, trabalho em altura e emergências, respectivamente. Essas normas já exigem uma avaliação psicossocial para que os profissionais exerçam sua função.

De acordo com Francielli, alguns quadrantes que podem ser observados para fazer a inventariação são horários por turnos, organização de tarefas, qual área a pessoa atua, se há pausas por turnos, entre outros.

Ela ainda reforça que não é papel do líder fazer esse diagnóstico, mas sim da empresa em si. Também, as organizações precisam criar um ambiente no qual o colaborador se sinta seguro para pedir apoio e demonstrar que não está bem.

Por isso, é fundamental a presença da participação de um psicólogo do trabalho que consiga dar o suporte necessário e adequado para a saúde mental da equipe.

Deiviti cita também a necessidade da metodologia para fazer essa avaliação, compartilhando três referências que podem ser utilizadas pelos profissionais. Ele ainda reforça que não adianta tentar mensurar os riscos psicossociais como mensuram riscos físicos, pois as questões humanas são muito mais complexas do que isso.

Vantagens com as mudanças na NR-1

Para finalizar, os palestrantes afirmam que as empresas perceberam benefícios com essa nova norma. Afinal, terão um olhar mais assertivo para o assunto e saberão exatamente onde investir. Por exemplo, se é no ambiente, nas pessoas, em treinamentos, em tecnologias.

Além disso, a promoção da saúde mental é usada como vantagem competitiva no mercado, pois pessoas que estão felizes no trabalho são mais produtivas.

Conclusão

A Employer Live de fevereiro trouxe pautas super importantes para o RH nesse momento. Além de se atentar com as adequações necessárias, agora é o momento de lançar um olhar mais cuidadoso e estratégico para a saúde mental dos colaboradores. Afinal, quem não fizer isso pode sofrer consequências financeiras, legais e operacionais.

Gostou do conteúdo? Então acesse o Palco Virtual e assista a Employer Live na íntegra para entender completamente o assunto. Também fique ligado nas nossas redes, pois em março estaremos de volta com mais uma live cheia de informações indispensáveis para você e seu RH!

Acesse o Palco Virtual

Posts Relacionados

Posts Recentes