Overemployed – saiba mais sobre o movimento de profissionais com mais de um emprego
É comum encontrar profissionais que mantêm uma forma de garantir renda extra, seja com revenda de produtos de bem-estar, motorista ou entregador de aplicativos ou demais serviços prestados durante o horário livre. Porém, em meio a pandemia com a ascensão da modalidade home office, surgiu o movimento Overemployed, também conhecido como “super empregados”.
Mas, afinal, o que é este movimento?
O que é Overemployed?
O termo significa “super empregado” e define o profissional com dois ou mais empregos fixos. Mas, ser um overemployed vai além de ser um profissional com mais de um emprego.
Essa “modalidade”, se é que podemos enquadrar deste modo, ocorre quando o profissional mantém empregos que possuem rotinas simultâneas, ou seja, um mesmo horário de trabalho.
Os profissionais que optam por manter essa rotina de trabalho precisam fazer um malabarismo para dar conta de todas as demandas, sem que uma prejudique a outra. Por exemplo, pode acontecer de agendas terem reuniões em um mesmo horário, ou demandas que possuem a mesma urgência.
Vale destacar que profissionais com mais de um emprego sempre existiram, porém, de outro modo. Conhecemos, por exemplo, professores que trabalham em escolas diferentes, cada uma em um turno específico. Com médicos e enfermeiros isso também ocorre, porém, um turno não atravessa o outro.
Por que o movimento surgiu?
Não há como definir um único motivo para seu surgimento, ou uma data certa, o que sabemos é que partiu de uma necessidade de renda extra durante momentos de incertezas financeiras causadas pela pandemia do Covid-19.
Conforme já citamos, já existiam profissionais que se desdobravam em mais de um emprego, mas a realidade que vemos hoje se desenvolveu durante o período mais crítico da pandemia, que culminou em muitos profissionais desempregados, incertezas, redução de salários e o home office, que tornou o movimento overemployed possível.
Hoje, estamos em um cenário diferente daquele pré-pandemia, afinal, muitas empresas optaram por manter a modalidade home office ou híbrido e, com isso, é possível manter a rotina adotada.
Como esses profissionais conseguem desempenhar tantas atividades?
É difícil imaginar que um único profissional consegue cumprir todas as demandas, especialmente se ele possui mais de um emprego fixo. Mas, o que ocorre, em quase todos os casos de overemployed é que esses profissionais optam por fazer apenas o mínimo do que precisam.
Em sua maioria, esses profissionais não estão em busca de desenvolvimento dentro da empresa, então torna-se fácil realizar apenas o mínimo e manter o trabalho. Um ponto a se pensar é que, geralmente, são profissionais da área de tecnologia, que trabalham com demandas específicas ao longo dos dias, facilitando a rotina de dois (ou mais) empregos.
Há um grupo online que auxilia pessoas que estão tentando manter múltiplos empregos e também dão dicas do que fazer em determinadas situações. O grupo é online e possui páginas oficiais em diferentes plataformas.
Questão de cansaço físico, emocional e tendência para burnout
Um dos maiores malefícios do overemployed é o cansaço emocional e físico que pode causar nos profissionais, afinal, esses profissionais costumam trabalhar, em média, sessenta horas semanais e muitas vezes mais do que isso, o que vai além das quarenta horas semanais. Ou seja, alguns trabalham o dobro de horas previstas, dobrando também o cansaço causado.
Logo, há pouco tempo hábil para ter uma vida “fora” do emprego e poder realizar atividades físicas, cuidar de si, da saúde, ter hobbies, entre outras atividades pessoais.
Se o burnout já é comum em trabalhadores que cumprem quarenta horas semanais, em apenas um emprego, com uma rotina de vários empregos isso torna-se ainda mais frequente. Então, é necessário analisar efetivamente os prós e contras de ser um super-empregado.
Nesse caso, o profissional deve avaliar se a sobrecarga que mais de um emprego pode gerar e se a longo prazo o lucro realmente vale a pena. Afinal, esses profissionais, em sua maioria, optam por ter mais de um emprego pela renda extra.
O que a lei diz sobre manter mais de um emprego?
Bom, partindo do pressuposto que um profissional decida ter dois empregos na modalidade CLT, é possível, sim. Porém, para que isso ocorra, ele deve respeitar a diferença de horários entre os dois, o que não entra, necessariamente, no tema que estamos falando. Não há artigo na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) que proíba o trabalhador de manter dois registros simultâneos.
Neste caso, ambas as empresas precisam estar cientes e, nenhuma deve ter contrato de exclusividade com o funcionário, além de os horários de atividade serem diferentes.
Quando falamos de overemployed, no geral, as empresas não sabem que o colaborador tem um outro emprego. Ou seja, é algo feito de forma sigilosa por parte do profissional.
Em sua maioria são colaboradores que trabalham como PJ, ou seja, não têm vínculo empregatício com nenhuma empresa. E, neste caso, também é possível que um profissional (PJ) tenha mais de um contrato.
Existe também a possibilidade de trabalhar CLT e PJ ao mesmo tempo, novamente, a legislação permite que um profissional tenha esses dois tipos de vínculo, desde que em nenhum tenha-se contrato com cláusula de exclusividade.
Meu colaborador possui dois empregos, o que fazer?
Neste caso, você deve avaliar se este colaborador está realizando atividades de uma outro função no horário em que deve cumprir com as atividades da empresa e, primeiramente, entender os motivos. O primeiro contato sobre o assunto deve ser uma conversa e, neste momento, deve-se deixar claro para o profissional que este tipo de postura não é aceita.
Existe, também, a possibilidade do desligamento do profissional, sobretudo se o outro emprego compromete a seguridade de informações ou mesmo seu desempenho com o trabalho. Como é um assunto delicado, nesses casos é necessário avaliar cada caso de modo isolado e, você, enquanto líder ou gestor, deve buscar auxílio e apoio jurídico.
